Cancro Mole

Sinônimos: Cancróide, cancro venéreo simples, "cavalo" 

O que é?

É uma afecção de transmissão exclusivamente sexual, provocada pelo Haemophilus ducreyi, mais freqüente nas regiões tropicais. Caracteriza-se por lesões múltiplas (podendo ser única) e habitualmente dolorosas.

Denomina-se também de cancróide, cancro venéreo, cancro de Ducrey; conhecido popularmente por cavalo. O período de incubação é geralmente de 3 a 5 dias, podendo-se estender por até 2 semanas. O cancro mole é muito mais freqüente no sexo masculino.

Quadro clínico

São lesões dolorosas, geralmente múltiplas devido à auto-inoculação. A borda é irregular, apresentando contornos eritemato-edematosos e fundo irregular recoberto por exsudato necrótico, amarelado, com odor fétido que, quando removido, revela tecido de granulação com sangramento fácil.

No homem, as localizações mais freqüentes são no frênulo e sulco bálano-prepucial; na mulher, na fúrcula e face interna dos pequenos e grandes lábios.

Em 30 a 50% dos pacientes, o bacilo atinge os linfonodos inguino-crurais (bubão), sendo unilaterais em 2/3 dos casos, observados quase que exclusivamente no sexo masculino pelas características anatômicas da drenagem linfática. No início, ocorre tumefação sólida e dolorosa, evoluindo para liquefação e fistulização em 50% dos casos, tipicamente por orifício único.

Diagnóstico diferencial

Cancro duro (sífilis primária), herpes simples, linfogranuloma venéreo, donovanose, erosões traumáticas infectadas. Não é rara a ocorrência do Cancro Misto de Rollet (cancro mole e cancro duro da sífilis primária).

Diagnóstico laboratorial

  • Exame direto: Pesquisa em coloração pelo método de Gram em esfregaços de secreção da base da úlcera, ou do material obtido por aspiração do bubão. Observam-se, mais intensamente nas extremidades, bacilos Gram negativos intracelulares, geralmente aparecendo em cadeias paralelas, acompanhados de cocos Gram positivos (fenômeno de satelitismo).
  • Cultura: É o método diagnóstico mais sensível; porém, é de realização difícil, pelas exigências de crescimento do bacilo.
  • Biópsia: Não é recomendada, pois os dados histopatológicos propiciam diagnóstico presuntivo da doença.

Tratamento

  • Azitromicina 1g, VO, dose única; ou
  • Tianfenicol 5 g, VO, dose única; ou
  • Doxiciclina 100 mg, VO, de12/12 horas, por 10 dias ou até a cura clínica (contra-indicado para gestantes, nutrizes); ou
  • Ciprofloxacina 500mg, VO, 12/12 horas por 3 dias (contra-indicado para gestantes, nutrizes e menores de 18 anos); ou
  • Sulfametoxazol 800 mg + Trimetoprim 160mg, VO, de 12/12 horas por 10 dias ou até a cura clínica.

O tratamento sistêmico deve ser sempre acompanhado por medidas de higiene local.

Recomendações

Seguimento do paciente deve ser feito até a involução total das lesões.

Deve ser indicada a abstinência sexual até a resolução completa da doença.

Tratamento dos parceiros sexuais está recomendado, mesmo que a doença clínica não seja demonstrada, pela possibilidade de existirem portadores assintomáticos, principalmente entre mulheres.

É muito importante excluir a possibilidade da existência de sífilis associada pela pesquisa de Treponema pallidum na lesão genital e/ou por reação sorológica para sífilis, no momento e 30 dias após o aparecimento da lesão.

A aspiração, com agulha de grosso calibre, dos gânglios linfáticos regionais comprometidos, pode ser indicada para alívio de linfonodos tensos e com flutuação.

São contra-indicadas a incisão com drenagem ou excisão dos linfonodos acometidos. 

Gestante

Aparentemente a doença não apresenta uma ameaça ao feto ou ao neonato. Apesar disso, permanece a possibilidade teórica. Não se deve esquecer que 12 a 15% das lesões típicas do cancro mole são infecções mistas com H. ducreyi e T. pallidum.

Tratamento

Estearato de Eritromicina 500 mg, VO, de 6/6 horas, por 10 dias. Em pacientes em que não houver resposta ao tratamento administrar Ceftriaxone 250 mg, dose única.

Portador do HIV

Pacientes HIV positivos, com cancro mole, devem ser monitorados cuidadosamente, visto que podem necessitar de maior tempo de tratamento, além do que a cura pode ser retardada e a falha terapêutica pode ocorrer em qualquer dos esquemas recomendados.

Alguns especialistas sugerem o uso da eritromicina (estearato), 500 mg, VO, de 6/6 horas por 10 dias.


Fonte: Portal São Francisco