Reposição hormonal: Qualidade de vida por mais tempo

24/03/2011 18:39

As mulheres estão vivendo cada vez mais. Segundo a última estimativa divulgada pelo IBGE, de 2009, a expectativa de vida delas era de 77 anos, frente à de 72,6 registrada em 2000. Para aproveitar melhor essa maior longevidade, uma opção é recorrer aos benefícios do tratamento de reposição hormonal, que oferece alívio prolongado aos sintomas do climatério e ajuda a reduzir a incidência de doenças cardiovasculares e de osteoporose, por exemplo.

O médico Ronald Bossemeyer, professor titular de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), afirma que a melhor maneira de tirar proveito dos efeitos positivos da reposição hormonal é adotando-a logo que começarem os sintomas da menopausa.

"Além de estar há um ano sem menstruar, a mulher começa a apresentar ondas de calor, nervosismo, insônia e falta de concentração", explica.

As manifestações começam, em média, aos 50 anos, mas há casos precoces, nos quais a menopausa chega antes dos 40, e tardios, quando ocorre após os 54 anos, ainda de acordo com o ex-presidente da Sociedade Brasileira do Climatério (Sobrac). A partir do diagnóstico, o médico decide qual o melhor tratamento para a paciente.

"Em mulheres com útero, a terapia inclui a reposição diária de estrogênio e progesterona de forma cadenciada, para evitar a proliferação do endométrio nas mulheres que tem útero", completa o Dr. Bossemeyer.

Esse cuidado é uma importante arma contra o carcinoma do endométrio, resultado do estímulo do estrógeno sem progesterona, acrescenta o membro titular da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina.

Já para mulheres que precisaram retirar o útero por algum motivo – como uma doença uterina, por exemplo – é indicada a terapia somente com estrogênio. Saber por quanto tempo se submeter ao tratamento é outra dúvida recorrente entre elas.

 "O período de indicação varia de mulher para mulher. Ela será mantida enquanto o médico se sentir seguro na prescrição e acompanhamento dos resultados do tratamento", avalia o especialista.

Boa para o coração

Os benefícios da reposição hormonal não se restringem ao controle dos sintomas do climatério. A reposição hormonal também ajuda a reduzir os riscos de doenças cardiovasculares. Segundo estudo do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, 53% das mulheres com mais de 50 anos morrem devido a uma doença cardiovascular.

"Existe um efeito favorável à saúde cardiovascular com o uso adequado de hormônios a partir do momento em que for necessário. Os estrogênios ajudam a combater o acúmulo de gordura nas artérias", afirma.

Além disso, associada a uma terapia rica em cálcio, vitamina D e exposição solar adequada, a reposição hormonal mostrou ser eficaz contra a osteoporose.

Mas, mesmo com tantos benefícios, muitas mulheres ainda têm temores injustificados em relação ao tratamento. Um deles associa a terapia ao ganho de peso. Porém, segundo o médico, o verdadeiro responsável pelos quilinhos a mais é o metabolismo basal, que desacelera de 1% a 2% ao ano conforme a mulher vai envelhecendo.

"A ação do hormônio no ganho de peso é mito. A desaceleração do metabolismo favorece o depósito de gorduras, principalmente no abdômen. E isso aumenta o risco de doença cardiovascular, já que o mau colesterol se deposita no endotélio, que deixa de produzir substâncias vasodilatadoras e produz substancias que contraem os vasos e aumentam a pressão arterial", complementa o médico.

Hábitos saudáveis

Para otimizar os efeitos da reposição hormonal, o especialista aconselha a adoção de hábitos de vida mais saudáveis.

"É preciso interromper os maus hábitos, como fumo e sedentarismo, e adotar um estilo de vida sadio, com uma alimentação mais adequada e a prática de atividade física".

Quanto antes esses cuidados forem colocados em prática, maior será a expectativa de vida da mulher.

"Não dá para esperar chegar a uma determinada idade para se tratar, porque o organismo vai estar afetado. É preciso começar cedo", conclui o Dr. Bossemeyer.

 

Fonte: Bem Mulher